31 de out. de 2016

PSDB se consolida como vencedor das eleições municipais 2016

O segundo turno das eleições municipais neste domingo consolidou o PSDB, o partido que é o principal aliado do Governo Michel Temer (PMDB), como o grande vencedor da corrida eleitoral deste ano, marcada pelos ecos da crise econômica e política que parece ter empurrado os eleitores a uma guinada à direita. Das 19 cidades onde disputou o segundo turno, os tucanos venceram em 14: as maiores vitórias ocorreram em Porto Alegre, com Nelson Marchezan Junior, em Manaus, com Arthur Virgílio, e em Belém, com Zenaldo Coutinho. O PSDB administrará, a partir de 2017, 26 dos 92 maiores municípios brasileiros, inclusive o maior deles, São Paulo, onde João Doria Jr. foi eleito no primeiro turno. Serão 19,9 milhões de eleitores geridos por prefeitos tucanos nas principais metrópoles brasileiras.

Com o resultado de domingo, o PMDB permanece como o partido com o maior número de prefeituras, elegeu 1.047 prefeitos. Comparado com a eleição de 2012, seu crescimento foi de 2,5% (antes tinha 1.021). Já o PSDB, que acabou o pleito com 817 prefeituras, cresceu 17,5% em comparação com as eleições passadas, quando elegeu 695. Os tucanos registraram o maior crescimento proporcional entre as grandes legendas brasileiras. Enquanto isso, o PT viu seu poder municipal diminuir em 60%. Antes, era o terceiro maior em número de prefeituras, com 638. Agora é o décimo, com 254. No universo das pequenas e médias legendas os maiores crescimentos foram do PTN (158%), PHS (137%), PCdoB (51%), PSL (34%) e PRB (33%).

“A onda azul está tomando conta do país”, afirmou o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, segundo o jornal O Estado de S. Paulo.Ironicamente, Aécio é um dos poucos tucanos a não poder comemorar neste domingo. Foi em seu reduto eleitoral, Minas Gerais, que o PSDB sofreu sua derrota mais simbólica. Apoiado por Aécio, João Leite (PSDB) perdeu para Alexandre Kalil (PHS) em Belo Horizonte.

O revés faz com que o senador mineiro perca força em uma acirrada disputa interna que trava com Geraldo Alckmin, o governador de São Paulo, pela candidatura presidencial do PSDB. Além de eleger Doria, Alckmin saiu duplamente fortalecido: conseguiu acabar com o cinturão vermelho do PT paulista, a faixa no entorno da capital em que os petistas dominavam a política municipal havia anos. Era o berço do PT operário, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva surgiu como político.

Em Santo André, por exemplo, o PT registrou uma de suas maiores derrotas. O atual prefeito, o petista Carlos Grana, teve apenas 21,79% dos votos. O vitorioso foi Paulo Serra (PSDB), com 78,21%. As outras perdas na região ocorreram em Osasco, Mauá e São Bernardo do Campo - nesta cidade, onde Lula vota, a sigla não foi nem para o segundo turno.

O dados no entorno de São Paulo só coroaram a decadência do PT. O partido não elegeu nenhum prefeito nas sete cidades onde disputou a segunda etapa. No primeiro turno, o PT havia eleito apenas um prefeito de capital, em Rio Branco, no Acre. Com a abertura das urnas, o secretário de comunicação do PT, Alberto Cantalice, disse em seu Twitter que as mudanças internas serão aceleradas. O discurso de refundação, capitaneado principalmente pelo ex-governador gaúcho Tarso Genro, deve ganhar força.

O campo esquerdista amargou ainda a decepção eleitoral com o PSOL, que chegou ao segundo turno em três cidades e perdeu em todas. A alta na reta final de Marcelo Freixo (PSOL) não conseguiu frear Marcelo Crivella (PRB), que conquistou uma vitória sem precedentes para seu partido e para a denominação evangélica que controla a sigla, a Igreja Universal.

Enquanto isso, Ciro Gomes (PDT), ventilado como uma das opções de uma possível frente de esquerda em 2018 que poderia incluir um debilitado PT, celebrava. O candidato dele em Fortaleza (CE), Roberto Cláudio (PDT), venceu uma com folga a disputa contra Capitão Wagner (PR).
Pulverização de partidos

Os efeitos do novo panorama municipal não se resumem apenas ao tabuleiro da corrida presidencial. Segundo especialistas, as eleições municipais costumam refletir na formação das Assembleias Legislativas e do Congresso Nacional dois anos depois. Quando uma legenda elege um número considerável de prefeitos, geralmente aumenta a sua bancada na Câmara dos Deputados. E quanto mais parlamentar, maior a receita do fundo partidário e maior o tempo de rádio e TV nas campanhas eleitorais.

Nesse contexto, o PDMB de Michel Temer também tem a comemorar. Entre as 57 cidades que tiveram segundo turno, a sigla foi a segunda no ranking de prefeituras conquistadas, com nove eleitos. Na sequência, aparecem o PPS com cinco e o PSB com quatro. "Embora o PMDB não tenha ganho grandes centros, o conjunto de ideias que o PMDB e o PSDB representam saíram claramente vitoriosos dessa eleição", avaliou ao EL PAÍS o sociólogo Wagner Iglecias, professor da USP, quando o atual panorama começou se desenhar no primeiro turno.

Além da rejeição ao PT, a crise política também parece ter se refletido na alta do número de votos não válidos (abstenção, brancos e nulos) e num alto índice de pulverização de partidos. Legendas pequenas ou nanicas elegeram 13 prefeitos. Os casos mais emblemáticos foram Rafael Greca (PMN) em Curitiba, Rogério Lins (PTN), em Osasco, e dois representantes da REDE, Clécio Luís em Macapá e Audifax, em Serra.

Da redação | PEmais
Por Afonso Benites, do El País

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