9 de dez. de 2021

Bolsonaro volta a criticar Moro e diz que queria demitir ex-juiz desde o começo do governo


Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro e ex-ministro da justiça, Sergio Moro - Foto: Evaristo Sa/AFP | Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O presidente Jair Bolsonaro continuou nesta quarta-feira sua sequência de ataques ao ex-ministro Sergio Moro. Durante entrevista concedida ao jornal "Gazeta do Povo", Bolsonaro citou que desde os primeiros meses do governo quis demitir o ex-juiz, mas que era difícil justificar a demissão de Moro por causa de seu prestígio.

Na última quarta-feira (8), uma pesquisa da Quaest mostrou o ex-ministro Sergio Moro na terceira colocação com 11% da intenção de votos. O presidente é o preferido de 24%. A liderança continua com o ex-presidente Lula, que com 47% das intenções de voto poderia ser eleito no primeiro turno. Na entrevista, Bolsonaro criticou a atuação de Moro no ministério da Justiça, cargo que deixou em abril de 2020.

— Eu sempre dizia nas reuniões de ministro: "Eu não quero ser blindado por nenhum de vocês. Entendeu, Sergio Moro? Eu não posso admitir é ser chantageado. Entendeu, Sergio Moro?" Assim que era comum acontecer. E esse cara não fez absolutamente nada para que Coaf, para que Receita não bisbilhotassem não só a minha vida bem como de milhares de brasileiros — afirmou.

Bolsonaro criticou o ex-juiz afirmando que ele teria deixado o governo para se preparar politicamente para o futuro. Moro deixou o governo Bolsonaro em abril do ano passado após acusar o presidente de tentar interferir na Polícia Federal. Segundo Moro, Bolsonaro tinha interesse em mudar o diretor-geral da Polícia Federal e o superintendente da Polícia Federal em alguns estados.

O presidente, entretanto, sempre negou a acusação, dizendo que era seu direito trocar a chefia da Polícia Federal. Na ocasião, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, determinou que o governo entregasse uma cópia da gravação da reunião ministerial. No encontro, Bolsonaro reclama que não recebia informações de alguns órgãos de segurança.

Segundo Bolsonaro, a relação ruim com Moro vinha desde o início de seu governo, quando ele teria cobrado o ministro sobre os motivos que a Polícia Federal, de acordo com Bolsonaro, não investigava casos similares em partidos de esquerda ao do seu então ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, acusado de desviar recursos eleitorais por meio de candidaturas laranjas em Minas gerais.

— Isso daí desde o começo. Eu queria mandar ele embora lá atrás, mas como ele tinha um prestígio muito grande, ficava difícil justificar a demissão dele. Tanto é que na mídia social era comum, "Moro no Supremo, Dallagnol na PGR. Ou então não tem a reeleição." Era um negócio terrível.

Durante a entrevista, Bolsonaro ainda sinalizou que planeja divulgar o nome de seu candidato a vice-presidente até março do ano que vem. Nesta semana, aumentaram as especulações sobre nomes, mas o presidente diz que não irá escolher nomes que circularem na imprensa.

Segundo Bolsonaro, em razão disso, já existiram dois nomes riscados sobre vice. Entre os ministros que já foram cotados para a vaga estão o da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o das Comunicações, Fábio Faria.

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Bolsonaro afirmou que deseja ter um ministro nordestino ou mineiro, regiões essenciais para a vitória eleitoral.

— Já estou conversando com um possível vice aí, porque não pode ser um casamento de última hora e esse nome fará bem para mim, para o governo para o Brasil, tem que ser um nome respeitado, não é só porque é nordestino, mineiro, paulista, gaúcho. Tem que ter algo mais, o ideal é que somasse por aí.

O presidente não deu detalhes sobre o nome com quem conversa, mas afirmou que "pode ser" um general. Segundo auxiliares, Bolsonaro evita escolher um político por causa do temor de que o escolhido, no futuro, costure um acordo por um impeachment seu.

— Isso é horrível, ter um vice que te atrapalhe. O vice que estamos trabalhando pode ser um general.

Da redação | PE+
Com informações da Folha PE

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