17 de ago. de 2023

Hacker diz à CPI que Bolsonaro citou 'grampo' realizado contra Moraes e pediu que ele 'assumisse autoria' da invasão


O hacker Walter Delgatti Neto disse em depoimento à CPI dos Atos Golpistas que, em uma reunião com o então presidente Jair Bolsonaro, em 2022, ouviu que o governo já tinha conseguido grampear o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. E que Bolsonaro teria, nesse encontro, sugerido que Delgatti Neto "assumisse a autoria" do grampo. 


A conversa, ainda de acordo com o hacker, foi intermediada pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). "Ela pegou um celular que estava com ela, enviou mensagem a alguém e o presidente da República entrou em contato comigo", disse Delgatti. 


"E segundo ele [Bolsonaro], eles haviam conseguido um grampo, que era tão esperado à época, do ministro Alexandre de Moraes. Que teria conversas comprometedoras do ministro, e ele precisava que eu assumisse a autoria desse grampo", diz o hacker.

 

Ainda segundo Delgatti, a ideia por trás dessa estratégia era evitar questionamentos "da esquerda" – já que, por ter hackeado autoridades ligadas à operação Lava Jato, em anos anteriores, ele gozaria de certo prestígio entre os opositores de Bolsonaro. 


"Lembrando que, à época, eu era o hacker da Lava Jato, né. Então, seria difícil a esquerda questionar essa autoria, porque lá atrás eu teria assumido a 'Vaza-Jato', que eu fui, e eles apoiaram. Então, a ideia seria um garoto da esquerda assumir esse grampo", relatou.


 Em nota, a defesa da deputada Carla Zambelli (PL-SP) "refuta e rechaça qualquer acusação de prática de condutas ilícitas e ou imorais pela parlamentar". E diz que não teve acesso aos autos da investigação. 

"Suas versões [de Delgatti] mudam com os dias, suas distorções e invenções são recheadas de mentiras, bastando notar que a cada versão, ele modifica os fatos, o que é só mais um sintoma de que a sua palavra é totalmente despida de idoneidade e credibilidade", diz a defesa. 


Quem é o hacker?


Delgatti ficou conhecido por ter vazado, em 2019, mensagens atribuídas ao então ministro da Justiça e ex-juiz Sergio Moro, a integrantes da força-tarefa da Lava Jato e outras autoridades. Ele chegou ao Senado pouco antes das 9h. 

Recentemente, o "hacker de Araraquara" voltou à mira da Polícia Federal pela invasão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para a inclusão de um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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