9 de out. de 2012

Após eleição, Eduardo Campos diz que PSB estará no jogo em 2014

Campos não confirma que será o candidato a presidente do partido.
Legenda elegeu, no primeiro turno, 308 prefeitos em todo o País.


Em todo o Brasil, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) elegeu 308 prefeitos no primeiro turno - um aumento de 42% em relação às eleições de 2008. Em conversa com a imprensa na tarde desta segunda-feira (8), o governador de Pernambuco e presidente do partido, Eduardo Campos, comentou o crescimento do partido e não confirmou a possibilidade de ser o candidato da legenda nas eleições presidenciais de 2014. No entanto, na coletiva do domingo (7), após a apuração dos votos, o governador disse: "Em 2014 o PSB vai estar no jogo".

A reunião ocorreu na sede provisória do governo estadual, no Centro de Convenções, em Olinda. A chance de concorrer na disputa federal não está sendo ventilada à toa. Os resultados das eleições municipais deste ano mostram que o PSB, presidido por Eduardo Campos, está em ascensão. O crescimento nas urnas ocorreu especialmente no Nordeste e em Minas Gerais. O PSB foi o que mais elegeu prefeitos no primeiro turno em Pernambuco; foram 59 das 184 prefeituras do Estado. A capital, Recife, ficou com a legenda, ao eleger Geraldo Julio com 51,15% dos votos.

A vitória rompeu com o ciclo de 12 anos de comando do PT, partido que era da base aliada do PSB. Quando o PT entrou em uma briga interna para nomear o seu candidato, o PSB indicou Geraldo Julio para concorrer pela Frente Popular do Recife. Na nova composição da Câmara de Vereadores do Recife, que passa a contar com 39 ocupantes - contra os 37 atuais, o partido de Eduardo Campos terá a maior representacão, com seis nomes. O partido com a segunda maior quantidade de cadeiras ocupadas é o PT, com cinco eleitos.

Na manhã desta segunda-feira (8), o site nacional do PSB reproduziu uma entrevista publicada em uma revista de circulação nacional na qual a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) apontava Eduardo Campos como o candidato do partido nas eleições presidenciais de 2014. O socialista foi questionado sobre o apoio.

"O segundo turno ainda vai ocorrer em capitais e cidades no País. Estamos felizes com o crescimento do PSB, mas ainda não é hora de tratar de 2014. Saímos dessa etapa com uma vitória eleitoral, antecedida pela vitória política, por conta das unidades que formamos, que está se traduzindo em vitórias eleitorais, assim como ocorreu em 2008, 2010 e 2012. Isso expressa o tamanho do partido, que muitos não percebiam. Nós temos propostas e um jeito de fazer funcionar, seja nos municípios ou estados que o PSB governa. Nenhum partido vai resolver 2014 agora, só no tempo certo, quando os partidos tiverem como ver a conjuntura e circunstâncias de 2014. Estamos torcendo por mais conquistas no segundo turno e vamos ajudar mais e mais a presidenta Dilma nessa tarefa de recolocar o País no rumo do crescimento econômico e desenvolvimento. Ela vai precisar da ajuda do PSB", disse.


PSDB e PMDB
Eduardo Campos informou que na próxima quarta-feira (10), às 14h, haverá uma reunião da executiva nacional do PSB para definir os apoios no segundo turno. A curiosidade girou em torno da disputa em São Paulo. Na cidade paulista, brigam pela prefeitura os candidatos José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT). "Ainda não houve contato com Haddad. Se ele precisar, o PSB vai colocar à disposição seus quadros para ajudar na campanha dele", afirmou.

Sobre alianças políticas com o PSDB, Campos afirmou que o caso de São Paulo não pode servir como regra para o resto do País. "Já fizemos críticas [ao PSDB], mas nada impede que nós reconheçamos o papel do PSDB no Brasil. É que a velha política não permitia esse reconhecimento. Temos alianças em estados que não foram feitas agora, mas, sim, desde o processo de redemocratização. Não vamos levar o exemplo de São Paulo para todo o Brasil, ela não é absoluta", disse.

PT , Lula e Dilma
Eduardo Campos comentou sobre a polarização entre PT e PSB mostrada nas urnas. "A leitura [dessa polarização] vai ser feita com maior clareza no segundo turno. Vimos que, nos resultados apurados até agora, vai ficando claro que polarização foi superada em muitas campanhas e lugares. Se isso vai ser a regra ao final dos votos apurados, tiraremos as conlusões depois. Há um desejo no Brasil de poder fazer um debate com mais profundidade, sem simplesmente a negação de parte a parte. Essa eleição mostra que a população busca novas alternativas, novas lideranças. Essa eleição vai deixar em muitos estados novos quadros políticos", falou.

Sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Eduardo Campos evitou usar a palavra reaproximação. "Reaproximação é para quem se distanciou, nós não nos distanciamos de Lula, tivemos muitas eleições que o PSB teve candidato e isso nunca afetou efetivamente a nossa relação. Não conversamos ainda com Lula. Só [conversamos] com candidatos que vão ao segundo turno e estamos defenindo apoios", disse.

Sobre a relação com a presidente Dilma Rousseff após o racha com o PT no Recife, Campos crê que são situações distintas. "Uma coisa é eleição muncipal outra coisa são as alianças em níveis estadual e nacional. Agora, temos quer fazer o que temos que fazer pela sociedade pernambucana e cada um que foi eleito fazer a sua parte. Esse microclima [no Recife] não pode passar para um debate geral. Geraldo Julio deixou claro que é hora de unir, olhar para o futuro, o que passou, passou."

O saldo destas eleições municipais para o PSB foram rusgas com o PT no Recife, em Fortaleza e Belo Horizonte. "Me anima vê o PSB crescer com essa consistência. O PSB tem procurado crescer com qualidade. O País não tem cultura partidária, sempre interromperam a democracia no País. Nós temos clareza que nova pauta está surgindo, a do novo federalismo, com mais partidos se fortalecendo", falou.

Recife e Pernambuco
Perguntado se interviria de alguma forma na gestão do Recife, Eduardo Campos foi enfático. "Eu não faço intervenção nem nas secretarias [estaduais], só definimos metas. Quem vai comandar a prefeitura [do Recife] é o brilhante quadro que Geraldo Julio vai montar. Só tem uma pessoa que pode dizer que não está supreso [com a vitória] sou eu. Pode ficar aboslutamente certo que [Geraldo Julio] sabe liderar, montar equipe. O PSB vai dar liberdade para ele montar a equipe e ajudá-lo naquilo que ele enteder que precisa, da mesma forma que ele nos ajudou nesses cinco anos. Este vai ser o melhor prefeito que o Recife já teve."

Eduardo Campos também refutou a sua força política como decisiva na eleição de Geraldo Julio. "Acho que, minha gente, a Frente Popular do Recife tem história de mais de 50 anos, desde que surgiu, elegendo Pelópidas da Silveira, que tinha um perfil semelhante a Geraldo. A Frente apresentou um nome, um caminho, um conjunto de ideias, um conjunto político que favoreceu a vitória", falou.

Questionado se trabalharia em dobro com a saída de Geraldo Julio do quadro funcional do governo estadual, Eduardo Campos disse o ex-titular da pasta de Desenvolvimento Econômico, que acumula a presidência do Porto de Suape, iria fazer falta. A pergunta, em tom de brincadeira, se referiu ao fato de concorrentes do candidato questinarem obras e programas assumidos por Geraldo Julio nas propagandas. O bordão "foi Geraldo quem fez" foi bastante usado de forma irônica nas redes sociais.

Eduardo Campos informou que, em novembro, a Casa Civil vai reunir todos os prefeitos eleitos, por região, para repassar esclarecimentos sobre o planejamento do estado. "Isso vai ocorrer independente de conotação político-partidária, da mesma forma que fizemos em 2008."

do G1/PE

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