28 de fev. de 2016

ESPECIAL: O que é Síndrome de Guillain-Barré?

O blog PE mais preparou uma matéria especial sobre a Síndrome de Guillain-Barré, uma doença que vem assustando a população brasileira nos últimos meses, devido ao crescimento do número de casos registrados em alguns estados.

História/origem do nome da doença
Em 1859, o médico francês Jean B. O. Landry descreveu um distúrbio dos nervos periféricos que paralisava os membros, o pescoço e os músculos respiratórios. Em 1916, três médicos parisienses: Georges Guillain, Jean Alexandre Barré e André Strohl, demonstraram a anormalidade característica do aumento das proteínas com celularidade normal, que ocorria no liquor dos pacientes acometidos pela doença.

Desde então, vários investigadores se interessaram pela síndrome, colhendo informações adicionais sobre o distúrbio, e demonstrando que outros músculos, além do grupo muscular dos membros e da respiração, poderiam ser afetados, como os da deglutição, os do trato urinário, do próprio coração e dos olhos.
A Síndrome de Guillain-Barré é uma doença autoimune que ocorre quando o sistema imunológico do corpo ataca parte do próprio sistema nervoso por engano. Isso leva à inflamação dos nervos, que provoca fraqueza muscular.

Tipos

Antigamente, acreditava-se que a Síndrome de Guillain-Barré era uma doença de um tipo só. Agora sabe-se que ela pode ocorrer de diversas formas.

A Síndrome de Guillain- Barré causa formigamento,
fraqueza muscular e até mesmo paralisia.
Causas
O Ministério da Saúde confirmou que a infecção pelo Zika Vírus pode provocar também à Síndrome de Guillain-barré. No Brasil, a ocorrência de síndromes neurológicas relacionadas ao vírus Zika foi confirmada após investigações da Universidade Federal de Pernambuco, a partir da identificação do vírus em amostra de seis pacientes com sintomas neurológicos com histórico de doença exantemática. Deste total, quatro foram confirmadas com doença de Guillain-barré.

Na síndrome de Guillain-Barré, o sistema imunológico de uma pessoa, que é responsável pela defesa do corpo contra organismos invasores, começa a atacar os próprios nervos, danificando-os 
gravemente.

O dano nervoso provocado pela doença provoca formigamento, fraqueza muscular e até mesmo paralisia. A síndrome de Guillain-Barré costuma afetar mais frequentemente o revestimento do nervo (chamado de bainha de mielina). Essa lesão é chamada de desmielinização e faz com que os sinais nervosos se propaguem mais lentamente. O dano a outras partes do nervo pode fazer com que este deixe de funcionar completamente.

Fatores de risco

A síndrome de Guillain-Barré pode afetar todos os grupos etários. Pessoas inseridas dentro de determinados grupos podem estar sob maior risco do que outras, especialmente pessoas do sexo masculino e adultos mais velhos. Além disso, a síndrome pode ser desencadeada por:

Mais comumente, por uma infecção com a Campylobacter, um tipo de bactéria frequentemente encontrada em aves mal cozidas
- Vírus Influenza
- Vírus de Epstein-Barr
- HIV, o vírus da Aids
- Cirurgia
- Raramente, vacinas da gripe ou a vacinação infantil.

Sintomas de Síndrome de Guillain-Barré



Os sintomas típicos incluem:
- Perda de reflexos em braços e pernas
- Hipotensão ou baixo controle da pressão arterial
- Em casos brandos, pode haver fraqueza em vez de paralisia
- Pode começar nos braços e nas pernas ao mesmo tempo
- Pode piorar em 24 a 72 horas
- Pode ocorrer somente nos nervos da cabeça
- Pode começar nos braços e descer para as pernas
- Pode começar nos pés e nas pernas e subir para os braços e a cabeça
- Dormência
- Alterações da sensibilidade
- Sensibilidade ou dor muscular (pode ser cãibra)
- Movimentos descoordenados

Dormência, alterações na sensibilidade, dor muscular, cãibra e movimentos descoordenados. Outros sintomas incluem visão turva, quedas, dificuldades em movimentar músculos faciais, contrações musculares e palpitações cardíacas estão entre os principais sintomas.
Outros sintomas podem ser:
- Visão turva
- Descoordenação e quedas
- Dificuldade para mover os músculos do rosto
- Contrações musculares
- Palpitações (sentir os batimentos cardíacos)

Os sintomas da Síndrome de Guillain-Barré podem piorar rapidamente. Os sintomas mais graves podem demorar apenas algumas horas para aparecer, mas a fraqueza que aumenta ao longo de vários dias é normal.

A fraqueza muscular ou a paralisia afeta os dois lados do corpo. Na maioria dos casos, a fraqueza começa nas pernas e depois se propaga para os braços. Isso é chamado de paralisia ascendente.

Os pacientes podem notar formigamento, dor nos pés ou nas mãos e descoordenação. Se a inflamação afetar os nervos do diafragma e do peito, e se houver fraqueza nesses músculos, a pessoa poderá necessitar de assistência respiratória.


Diagnóstico e exames

Alguns sintomas são emergenciais. Isso quer dizer que, se você senti-los, você deve procurar ajuda médica imediata. São eles:

- Respiração interrompida temporariamente
- Não conseguir respirar profundamente
- Dificuldade para respirar
- Dificuldade para engolir
- Babar
- Desmaios
- Sentir vertigem ao se levantar
- Perda de movimentos.

Na consulta médica

Marque uma consulta com um neurologista. No consultório, procure descrever detalhadamente todos os seus sintomas. Isso ajudará o médico a entender melhor seu caso e conseguirá fazer o diagnóstico com mais precisão. Procure esclarecer suas dúvidas também. Pergunte o que achar necessário perguntar ao especialista.

Diagnóstico de Síndrome de Guillain-Barré

A Síndrome de Guillain-Barré pode ser difícil de diagnosticar em seus estágios iniciais. Os sinais e sintomas são semelhantes aos de outras desordens neurológicas e eles podem variar de pessoa para pessoa.

Seu médico provavelmente começará seu diagnóstico fazendo perguntas sobre seu histórico clínico. Um histórico de fraqueza muscular crescente e paralisia pode ser um sinal da síndrome de Guillain-Barré, principalmente se houve uma doença recente.

Um exame médico pode mostrar fraqueza muscular e problemas nas funções involuntárias (autonômicas) do corpo, como pressão arterial e frequência cardíaca. O exame também pode mostrar se os reflexos, como os do joelho, estão diminuídos ou ausentes.

Pode haver sinais de diminuição da respiração causada por paralisia dos músculos respiratórios.

Os seguintes exames podem ser solicitados:
- Amostra do líquido cefalorraquidiano (punção lombar)
- Eletrocardiograma (ECG)
- Eletromiografia (EMG), que testa a atividade elétrica nos músculos
- Exame de velocidade de condução nervosa
- Exames de função pulmonar

Assista a reportagem do Diario de Pernambuco que fala sobre um caso da doença em Pernambuco:



Tratamento e cuidados

Não existe cura para a síndrome de Guillain-Barré. Entretanto, há muitos tratamentos disponíveis para ajudar a reduzir os sintomas, tratar as possíveis complicações e acelerar a recuperação do paciente.

Quando os sintomas são graves, a hospitalização será recomendada para dar continuidade a um tipo de tratamento mais específico, que pode incluir aparelhos de respiração artificial.

Nos estágios iniciais da doença, tratamentos que removem ou bloqueiem a ação dos anticorpos que estão atacando as células nervosas podem reduzir a gravidade e a duração dos sintomas da Síndrome de Guillain-Barré.

Um desses métodos é chamado de plasmaferese e é usado para remover os anticorpos do sangue. O processo envolve extrair sangue do corpo, geralmente do braço, bombeá-lo a uma máquina que remove anticorpos e depois enviá-lo novamente ao corpo.

Outro método é bloquear os anticorpos usando altas doses de imunoglobulina. Nesse caso, as imunoglobulinas são adicionadas ao sangue em grandes quantidades, bloqueando os anticorpos que causam a inflamação.

Outros tratamentos disponíveis têm por objetivo prevenir complicações. Podem ser utilizados anticoagulantes para prevenir coágulos sanguíneos. Se o diafragma estiver debilitado, pode ser necessário o uso de um auxílio respiratório ou até mesmo de um tubo e um ventilador respiratórios. A dor é tratada com remédios anti-inflamatórios e narcóticos, se necessário. O posicionamento adequado do corpo ou um tubo de alimentação podem ser empregados para evitar engasgar durante a alimentação se os músculos usados para deglutição estiverem debilitados.

Medicamentos para Síndrome de Guillain-Barré

Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.

Tratamento

O tratamento da síndrome conta com dois recursos: a plasmaférese (técnica que permite filtrar o plasma do sangue do paciente) e a administração intravenosa de imunoglobulina para impedir a ação deletéria dos anticorpos agressores. Exercícios fisioterápicos devem ser introduzidos precocemente para manter a funcionalidade dos movimentos.

Medicamentos imunosupressores podem ser úteis, nos quadros crônicos da doença.

Convivendo/ Prognóstico

Após os primeiros sinais e sintomas, a doença tende a agravar-se progressivamente para cerca de duas semanas. Os sintomas atingem seu ápice em aproximadamente quatro semanas.

A recuperação começa logo depois, geralmente com duração de seis meses a um ano, embora para algumas pessoas possa demorar até três anos.

Complicações possíveis

Se não for tratada, a síndrome pode evoluir algumas complicações de saúde graves:
- Dificuldade para respirar (insuficiência respiratória)
- Contraturas das articulações ou outras deformidades
- Trombose venosa profunda (coágulos sanguíneos que se formam quando alguém está inativo o confinado a uma cama).
- Maior risco de infecções
- Pressão arterial baixa ou instável
- Paralisia permanente
- Pneumonia
- Lesões na pele (úlceras)
- Aspiração de alimentos ou líquidos para dentro do pulmão

Expectativas

A recuperação pode demorar semanas, meses ou anos, mas não existe cura para a síndrome de Guillain-Barré. A maioria das pessoas sobrevive e se recupera completamente. Sintomas de fraqueza podem persistir em algumas pessoas por muitos anos mesmo com tratamento.

É mais provável que o prognóstico do paciente seja muito bom se os sintomas desaparecerem dentro de três semanas do início da doença.

Prevenção

Não há formas conhecidas de se prevenir a Síndrome de Guillain-Barré.

Importante: A síndrome de Guillain-Barré deve ser considerada uma emergência médica que exige internação hospitalar já na fase inicial da enfermidade. Quando os músculos da respiração e da face são afetados, o que pode acontecer rapidamente, os pacientes necessitam de ventilação mecânica para o tratamento da insuficiência respiratória.

Recomendações
Esteja atento às seguintes considerações:

* Em grande parte dos casos, a síndrome de Guillain-Barré é um distúrbio autolimitado. No entanto, o paciente deve ser levado imediatamente para o hospital assim que apresentar sintomas que possam sugerir a doença, porque pode precisar de atendimento de urgência;

* Como ainda não foram determinadas as causas da doença, não foi possível também estabelecer as formas de preveni-la;

* O processo de recuperação da síndrome, em geral, é vagaroso, mas o restabelecimento costuma ser completo;

* É muito pequeno o número de casos da síndrome em que a causa pode ser atribuída à vacinação, em geral, contra gripe e meningite. Por isso, as pessoas devem continuar tomando essas vacinas normalmente;

* A fisioterapia é um recurso fundamental especialmente para o controle e reversão do déficit motor que a síndrome pode provocar.

Da Redação | PE mais
Com informações da Sociedade Brasileira de Neurologia, do Wikipédia e do Dr. Dráuzio Varella

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