Em quarentena, o banco de peles do Imip possui mais 1.600 cm² de pele humana. O responsável técnico do banco, o cirurgião plástico Marcelo Borges, já concordou com uma possível nova doação do material assim que for liberado da quarentena a que toda doação é submetida. Essa liberação só ocorrerá em março.
A doação de pele só é realizada em pacientes que tem morte encefálica diagnosticada, da mesma forma que em outros tipos de doações, como coração, rins e córnea. A pele só é retirada depois que a família dos pacientes autoriza o procedimento. Em geral, os doadores comunicaram em vida sua intenção de serem doador de tecido e órgãos.
Em qualquer caso, o tecido ou órgão doado só entrará para o sistema de saúde depois da realização de exames e análise dos resultados. São feitos testes sorológicos para detecção de Aids, sífilis, doença de chagas, hepatite, toxiplasmose e citomegalovírus, entre outros. No caso da doação de pele, detalha o médico Marcelo Borges, o rigor nos exames é maior porque a pele está mais sujeita a contaminações. “Avaliamos, também, o risco de transmissão de infecções de pele, com exames microbiológicos”.
O material doado foi enviado para o Rio Grande do Sul às 2h30 da madrugada desta segunda-feira em 29 envelopes. Cada pedaço de pele mede, em média, 10 cm x 3 cm. O total enviado, 2,5 mil cm², é suficiente para atender a dois pacientes adultos em tratamento por grandes queimaduras. É considerada grande queimadura, pacientes com 40% ou mais do corpo comprometido, explica o responsável pelo banco de peles do Imip.
Marcelo Borges pede a atenção da sociedade para a necessidade de se realizar doações de tecido. “Precisamos abrir a mente. As famílias precisam ter uma maior aceitação com esse tipo de doação”, alerta o cirurgião plástico. O médico cita uma comparação, com dados de Pernambuco: ocorrem 70 doação de córneas por mês e apenas uma doação de pele. “A humanidade cresce em situações trágicas. Fala-se muito em segurança, mas devemos abordar também a assistência aos grandes queimados. O momento é apropriado para reflexão e podemos avançar – até porque estamos em uma situação de defasagem nesse campo”, argumenta Marcelo Borges.
Terra
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