7 de jun. de 2012

''Vou defender a gestão de João da Costa'', afirma Humberto

Senador diz que não fez críticas administrativas, apenas à gestão política do governo, e ressalta que prefeito terá papel importante na campanha

Foto: Marco Ankosqui/Especial para o JC
O senador Humberto Costa mostrou um discurso pronto para rebater as críticas de que sua candidatura à Prefeitura do Recife – anunciada pela cúpula do PT junto com a decisão de afastar da disputa o prefeito João da Costa – é fruto de uma imposição. Tentando juntar os cacos de um PT rachado, ele disse que vai procurar o prefeito em busca de apoio e que defenderá a sua gestão na campanha. Humberto buscou legitimar a decisão da nacional para escapar da pecha de candidato “biônico”. Atribuiu ao DEM tal alcunha – embora até a deputada petista Teresa Leitão a tenha usado – e defendeu-se, resgatando seu histórico de luta contra a ditadura e eleição pelo voto popular. Depois de uma temporada de troca de agressões entre as correntes do partido, Humberto disse – em entrevista na sede do PT nacional, em São Paulo – que nunca houve críticas ao governo de João da Costa, e sim à sua gestão política. Segundo ele, a relação com os aliados, com o PT, a Câmara e a sociedade é que precisa melhorar. Apesar de, nos bastidores, muitos petistas afirmarem que Humberto trabalhou para ser indicado, ele disse que cumpria uma “missão partidária”, com o objetivo de unir a legenda. E, provocado por um jornalista, descartou disputar o governo do Estado em 2014. A seguir, os tópicos da entrevista:

INTERVENÇÃO
"É óbvio que não houve uma intervenção. A decisão da Executiva nacional deixa claro que a condução do processo eleitoral no Recife vai ser feita pelo diretório municipal. A composição do diretório permanece a mesma.”

BIÔNICO?
“Não acho que alguém que é o candidato do presidente Lula, da presidenta Dilma e que certamente vai ter a capacidade de unir a Frente Popular possa ser considerado biônico. E quem vai considerar isso é o povo do Recife na hora de votar. Aliás, quando a oposição tenta construir um discurso em cima disso é sinal que não tem discurso para a cidade, não tem um projeto.”

“COISA DO DEM”
“Essa denominação de biônico começou com gente do DEM. Aliás, uma coisa interessante no Recife é que, de repente, os adversários de quatro anos viraram admiradores e defensores da nossa gestão. Mas a minha história é diferente. Eu lutei contra a ditadura, participei de organização clandestina, fui fundador do PT, todas as vezes que ocupei cargos eletivos foi pelo voto direto pela população, diferentemente da época do PDS, que teve governador e senador biônico. Todo mundo lembra que o PDS virou PFL e hoje é DEM. O DEM não pode falar desse assunto.”

DILMA
“Dilma vai me receber na semana que vem. Estamos acertando que ela abriria uma agenda para me receber. Mas com certeza tem uma manifestação do apoio à nossa candidatura.”

BRIGA DO PT
“Não acho que essas coisas que o PT vivenciou agora (os inúmeros atritos) vão se tornar o centro da campanha. Com certeza o povo do Recife quer saber o que o futuro prefeito vai fazer pela cidade, como ele vai enfrentar a questão da mobilidade, do saneamento básico, da saúde.”

MISSÃO PARTIDÁRIA
“Venho assumir essa candidatura como uma missão, que é a de unir o partido, e eu vou perseguir isso.”

JOÃO DA COSTA
“Vou procurar João da Costa. Quero ele na minha campanha. Em nenhum momento das disputas políticas vocês me viram fazer críticas pessoais ou administrativas. Nosso questionamento sempre foi da gestão política. Lógico que esse momento é para deixar a poeira baixar. Mas o mais breve possível, vou procurá-lo, pedir a ele apoio político.”

UNIDADE
“Eu acho que é hora da gente esquecer as coisas que aconteceram nesse processo, as agressões. E eu, que em nenhum momento me envolvi em bate-boca, acredito que serei capaz de construir essa unidade. Isso se faz com gestos e eu certamente saberei fazê-los.”

CRÍTICAS

“A gente sempre disse que, do ponto de vista da gestão administrativa, em que pese algumas divergências que são naturais, não havia muita coisa a reparar. O questionamento sempre foi do ponto de vista político. Havia receio de que não fôssemos capazes de unir a Frente Popular e até o partido, por conta da disputa que se tornou histórica entre o prefeito e João Paulo.”

DEFESA DA GESTÃO
“Eu vou fazer a defesa da gestão, até porque é uma gestão do PT e entendo que ele (João da Costa) tem um papel a cumprir nesse processo, tem uma representatividade na cidade, então eu vou buscar esse apoio.”

MELHOR MOMENTO
“Eu posso dizer hoje que estou vivendo o melhor momento da minha vida política, desde que fui ministro da Saúde. No Senado, tenho um papel do ponto de vista da sustentação do governo, do PT e de Pernambuco. Sair do Senado para mim não é coisa simples.”

MEIO MANDATO
“Talvez só o candidato do PSTU não tenha mandato. Os candidatos do PMDB, do DEM e do PSDB, se ganharem a eleição, também vão ter que deixar metade dos seus mandatos. Só o do PPS (Raul Jungmann) não vai ter que deixar, porque não se elegeu em 2010. Vou deixar meu espaço (no Senado) para fazer uma coisa muito maior. No Executivo, você pode, no dia a dia, melhorar a vida das pessoas. Eu não assinei papel em cartório nem nada (sobre ficar no mandato até o fim).”

ELOGIO A JOAQUIM
“Joaquim é um político respeitado no Brasil, já foi prefeito, governador, ministro da Integração, deputado federal. Hoje é do PSB. O tempo em que ele esteve no Congresso, esteve ao lado do governo Lula. Vai votar com a base se vier a ser senador. Não vejo porque se cria a imagem de que (ele assumir como suplente) é um bicho-papão. É uma pessoa séria, não tem nenhuma mácula do ponto de vista da ética.”

SEM LICENÇA
“Não vou sair do Senado, tenho minhas responsabilidades lá, vou continuar indo nos dias de votação, participar das coisas importantes e não vejo incompatibilidade.”

DEMÓSTENES
“Eu quero, antes de começar a campanha de rua, ter esse assunto resolvido (a cassação do senador goiano). Estou concentrado no relatório 24 horas por dia.”

ALIANÇA
“Conversei com o governador na segunda, passei o panorama e falei com ele que, na minha volta, iria procurá-lo. Ontem (terça) à noite, falei com o senador Armando Monteiro (do PTB), pedi que ele me recebesse ao longo desse fim de semana. Falei com o PCdoB, o PSL e hoje (ontem) ainda vou falar com o PSC, o PP e o PDT. Acho que temos condição de fazermos uma grande aliança.”

AS DERROTAS
“Digo, sem modéstia, mas sem medo de errar: no PT de Pernambuco, ninguém praticou tantos gestos para o partido quanto eu. Disputei várias eleições com O objetivo de marcar uma posição para o partido. Talvez por isso eu tenha sofrido algumas derrotas.”

ABRIR MÃO
“Fiz outros gestos, como abrir mão (de disputar) em várias situações. Em 1996 eu ganhei uma prévia e depois abri mão para João Paulo. No ano 2000, Lula pediu que eu fosse candidato a prefeito e eu avaliei de que, se eu fosse candidato, dificilmente ganharia, porque a eleição ia ser resolvida no primeiro turno. Então lançamos João Paulo e várias candidaturas surgiram, teve segundo turno e ele ganhou.”

2008
“Quando João da Costa foi candidato, nós tínhamos as candidaturas de Pedro Eugênio e Maurício Rands e poderíamos ter ido às prévias, mas abrimos mão em nome da unidade do partido. Um mês depois, Lula me chamou para dizer que queria que eu fosse o candidato. Eu disse que poderia ser, desde que ele convencesse João Paulo, que disse que tinha que ser o candidato dele. Nunca ninguém soube disso em Pernambuco, veio saber porque João Paulo disse agora.”

OLÍMPICO
“Eu nunca imaginei que venceria Jarbas Vasconcelos em 92 para a Prefeitura, nem em 2002, quando disputei o governo do Estado com ele. Nem que venceria Joaquim Francisco em 88. Fui para cumprir uma tarefa partidária.”

VITÓRIA
“Por outro lado, já fui o vereador mais votado da história do Recife, o segundo deputado estadual mais votado, o quarto federal mais votado do partido e agora (2010) fui senador com mais de 3 milhões de votos. Acho que essa não é a trajetória de um derrotado. Todo mundo dizia que eu nunca tinha ganho uma eleição majoritária. Lógico, eu só tinha entrado em osso. Aí ganhei para o Senado. Aí estão dizendo que eu não ganho para o Executivo. Mas eu vou ganhar.”

CASCA DE JACARÉ
“Ao longo dos anos, adquiri uma casca grossa, feito jacaré. O pessoal que trabalha comigo em Brasília estava aperreado porque saiu esse negócio de biônico e eu disse: ‘ah, quem me dera que em 2006 a campanha toda só fosse alguém me chamando de biônico’. Todo esse problema, no momento em que o nosso palanque estiver formado, vai se diluir e a gente vai conseguir chegar em outubro com uma frente ampla e com uma vitória.”

PSB NA VICE?
“Atualmente o vice é do PSB. O mais provável é que os partidos venham a se entender na visão de que o vice deve permanecer sendo uma pessoa do PSB, mas cabe ao PSB apresentar um nome, ouvir nossa opinião.”

por
Joana Rozowykwiat do JC On Line

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