28 de abr. de 2013

Tabagismo é uma doença pediátrica

Família deve conversar desde cedo com as crianças sobre a importância de se evitar o fumo

Cinthya Leite
Yeltsin Lima fuma há quase dois anos e pensa em se afastar do tabaco
Felipe Ribeiro/JC Imagem

Cada vez mais, os especialistas asseguram que o tabagismo é uma doença pediátrica. A afirmação é sustentada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), com base na estatística de que 90% dos fumantes adultos inserem o cigarro no dia a dia antes dos 19 anos. No Brasil, a geração de fumantes nascida a partir da década de 1980 começou a se envolver com o tabaco, em média, aos 17 anos. Essa é uma constatação da Pesquisa Especial de Tabagismo (PETab), também realizada em outros 13 países.

Diante desse cenário, os médicos alertam que os pais devem colocar o assunto tabagismo na conversa em família desde cedo. “Para orientar as crianças e os adolescentes sobre a importância de não se fumar, é valioso os pais deixaram claro os benefícios que os jovens têm quando não se envolvem com o cigarro”, alerta o chefe do serviço de pneumologia do Real Hospital Português (RHP), Blancard Torres.

Ele ressalta que, quando se percebe que o jovem já é fumante, a família deve ter uma atuação muito incisiva. “Vejo que muitos pais fecham os olhos para os filhos tabagistas, mas não pode ser assim. É preciso levar esses adolescentes o quanto antes para uma consulta. Quanto mais cedo se iniciar o tratamento, melhor”, diz o pneumologista.

No Ambulatório de Beneficência Maria Fernanda, do RHP, são fornecidos atendimento e tratamento gratuitos contra tabagismo para o público, inclusive adolescentes. O acolhimento é realizado sempre às quintas-feiras, a partir das 11h, mediante agendamento prévio. “Nossa equipe está capacitada para tratar essa faixa etária, até mesmo crianças que já iniciaram o vício”, garante Blancard. Ele ainda frisa que a família precisa ser insistente, caso os jovens recusem o tratamento.

Até mesmo para crianças e adolescentes, a terapêutica antitabagista deve incluir medicação em alguns casos. Além disso, segundo Blancard, a abordagem precisa contemplar apoio psicológico. Sem esse tipo de ajuda, segundo o pneumologista, dificilmente os jovens largam o vício. “O tom da conversa entre pais e filhos precisa ser focado nos ganhos. É necessário mostrar que, sem fumar, a disposição aumenta, o rendimento na escola melhora e a vida em sociedade com outros adolescentes fica mais prazerosa”, esclarece o médico, ao afirmar que não adianta evidenciar apenas os malefícios.

Quem sabe disso é o estudante de publicidade Yeltsin Lima, 21 anos, que pensa em se afastar do tabaco. “Sei que o cigarro causa muitos problemas, e eu já começo a sentir alguns, como acúmulo de secreção”, relata o jovem, que fuma há quase dois anos.

do JC

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